Os cidadãos cada vez mais cobram qualidade
dos serviços públicos e transferem o encargo de uma vida digna e tranquila aos
governos. Esse comportamento é preocupante, pois quando lavamos as mãos para
questões consolidadas de responsabilidade de pessoas, famílias, pais, confirmamos
a crença que é “culpa do governo”, mesmo sabendo que às vezes é mesmo. Se jogo
lixo na rua, quem é o irresponsável, a prefeitura? Se não educo meus filhos, o
responsável é a escola? Se quebro e exploro desproporcionalmente o patrimônio
público, a culpa é do prefeito? Claro que não, o nosso currículo oculto de
repetir e reproduzir coisas que ouvimos ou aprendemos errados, nos faz ter uma
visão distorcida da situação e do verdadeiro papel do Estado e das pessoas. Quando
o governo tem que limpar nossa sujeira, quando tem que trocar uma lixeira
quebrada, pintar uma escola pinchada, alguém tem que pagar por isso, logo, nós
mesmos.
Viver em sociedade exige uma
visão crítica do papel institucional de cada peça no contexto geral,
especialmente quando num passado distante a sociedade buscou conceber modelos
de organizações sociais para delimitar territórios e instituir síndicos
dispostos a governar e colocar em prática seus interesses individuais. Lógico
que esse modelo deve considerar e respeitar as características que naturalmente
deveriam tender para partilha e participação de cada um, pois desta forma as
individualidades seriam adstritas a seus domínios privados e a harmonia do
convívio comum seria uma parcela de rendição de cada indivíduo que chamamos de
coletividade.
O governo no caso seria o síndico
e nós seríamos os donos ou a coletividade! Como pessoas inteligentes que somos
sempre buscamos um governante capaz, competente, honesto, dentre outros
adjetivos. Lembro que síndico e governante tem pré-requisitos comuns, no
primeiro ser dono e parte da
coletividade, no segundo ser cidadão nato, pois a maioria dos países que ouvi
falar, não aceita pessoas no poder que não sejam da sua própria nação. Logo, o
síndico ou o governante tem que fazer uma boa gestão, gastar menos, fazer mais
e prestar contas, pois se isso não acontecer é excomungado e ou até destituído.
Como bom síndico, numa visão
simplória, as ações seriam colocar em prática necessidades discutidas nas
reuniões e aplica-las as realidades daquele convívio com adequação financeira
que seja de comum acordo com todos os donos. Missão árdua, pois falou em meter
a mão no bolso, corre todo mundo!
No Governo também é assim, a
diferença é que quando escolhemos um governante pelos seus lindos olhos e ou
pelo seu discurso meloso e convincente, pelos abraços e beijinhos sorridentes, através
dos Partidos Políticos, pouco observamos as suas capacidades, sua história bem
sucedida e menos ainda, com quem ele anda ou andou se relacionando por aí. Falo
mais; além desta forma de escolha, tem outra que ainda é muito mais
catastrófica ainda, aquela que a pessoa vê o que de vantagem individual ele pode
ter deste governante. Esta forma de
pensar e agir dos eleitores tem, a cada dia, tirado ao desânimo, vocações espetaculares
de pessoas para vida pública, pois como canso de ouvir por aí, “gente séria não
deveria se meter em política”. Se isso fosse verdade, seríamos loucos, pois
escolher gente despreparada, anular votos ou não votar, seria o mesmo que
entregar tudo que possuímos nas mãos de um síndico despreparado que vai
acarretar muito prejuízo a todos do condomínio. Diante disso quem está errado? Você
que acha que política não é para gente séria; você que fala mal do político e
não tem coragem de se colocar como um instrumento de transformação; você que
não quer saber ou ouvir falar e só sabe reclamar ao vento; você que acha que
tudo é igual e tanto faz, ou, os políticos estão todos errados?
Sinceramente, não sei ao todo o
que acontece, mas certamente sei que a culpa da escolha de um governante ruim seja
da maioria!
Eliezer Crispim, Administrador, Vereador licenciado 22/08/2014