sexta-feira, 6 de setembro de 2013

HOSPITAL NOGUEIRA DE SOUZA, 50 ANOS DE HISTÓRIA!





Recentemente o prédio do extinto Hospital Nogueira de Souza de Casimiro de Abreu foi reformado e redimensionando para funcionamento da Sede da Secretaria Municipal de Saúde. O local nos remete a memoráveis conquistas dos Casimirenses e lutas que marcaram quase 50 anos de crescimento da saúde pública em nosso município.


O Nogueira de Souza foi municipalizado em 1996 e desativado em 2007. Pesquisando, descobrimos que desde 1961 já existia grande parte do prédio. Na época o Tenente reformado do Exercito Brasileiro, João dos Santos Pessoa havia sido um dos precursores para coordenar as obras do prédio inicial, no meado dos anos 50, através da Associação Beneficente Nogueira de Souza, que recebeu esse nome devido à vontade em vida do seu patrono, Nogueira de Souza, morador de Barra de São João que deixou o terreno e algum dinheiro, para que ali fosse instalada uma entidade para benefício da comunidade Cabreuense, pois assim éramos chamados à época.

A decisão pela construção de um ambulatório médico, que poucos anos depois veio ser o Hospital Nogueira de Souza, além da vontade do Tenente João dos Santos Pessoa, certamente foi influenciada pelo Farmacêutico de tradicional família de Casimiro de Abreu, Sr. Nilton Macabú, pai do nosso amigo Toney Macabú, proprietário das drogarias Macabú.

Em plena Revolução no Brasil de 1964, a paróquia Nossa Senhora da Saúde recebera o novo pároco, o Padre José Maria. Missionário que viu nas atividades da Associação, com a influência de vários católicos, a oportunidade de concretizar o sonho dos Cabreuenses de ter o seu hospital próprio. Logo no ano seguinte, o padre trouxe as irmãs de caridade Hugolina, Cristina e Estefânia. A elas foi dada a missão de tornar, através da caridade, aquele sonho em realidade. A irmã Hugolina se despontava como líder nata, dentre as irmãs e comunidade, unindo-se a novos entusiastas para missão de trazer donativos e patrocínio para viabilizar o funcionamento do futuro Hospital.

O entusiasmo pelo hospital próprio foi tamanho que no final dos anos 60, a irmã Hugolina fez uma comitiva composta pelos Cabreuenses  Acir Araújo, Dona Lourdes Rosa Motta, dentre outros, e foi ao Programa na extinta TV Tupí, canal 6, chamado o  “O Céu é o Limite”, apresentado pelo líder de audiência da época J. Silvestre. No programa, diante dos apelos, foram concretizados inúmeros donativos da Capital do Estado e do resto do Brasil. Depois desse episódio, o Hospital Nogueira de Souza começaria virar realidade.

Mesmo na condição anterior da Associação Beneficente Nogueira de Souza, no local funcionava um ambulatório improvisado com voluntários e práticos como a D. Gení da Cruz Leite, parteira, possibilitando que muitos Cabreuenses nascessem lá. Hoje reclamamos pela falta de médicos; naquela época médico era uma raridade e os poucos que tinham, vinham com uma frequência tão pequena que a doença esperava ou preliminarmente era resolvida pelo Sr. Nilton Macabú ou tratado com remédio caseiro. Ouvi relatos que os médicos pioneiros foram Dr. Aguinaldo, vindo de Silva Jardim, o jovem solteiro, que dizem, ter sido muito galanteado pelas moças, Dr. Luiz Carlos Bueno Machado, Dr. Galvão de Castro e Dr. Laurindo.

Antes do Ambulatório da Associação funcionar, por volta de 1965/1966, o então prefeito, Dr. Wilson de Barros, utilizou as instalações do Hospital como sede provisória da Prefeitura e lá permaneceu até que a Sede da época e atual da prefeitura ficasse pronta.

Na época, anos 50 e 60, Saúde pública era algo para poucos! Casimiro Sede só veio ter uma Unidade de Saúde Pública Ambulatorial em 1974 com a inauguração do atual Posto de Saúde Dr. Manoel Marques Monteiro, construída pelo Governador do Estado Raimundo Padilha.  Antes disso a Dona Geni da Cruz Leite, Sr. Nilton Macabú, Dona Edir Rosa e Sr. Almerindo (os três últimos funcionários do governo do Estado), se viravam, e provavelmente foram os primeiros profissionais de saúde na área de atenção básica. O que existia era um Posto de Saúde improvisado numa casa da família de Sr. Nilton na Rua Padre Anchieta, na altura do Rio Indaiaçu. Neste Posto Improvisado, tinha médico a cada 15 dias, Dr. Mário Laje. Vinha no trem (Expresso) das 10:40h e  retornava as 14:40h, pois usava o intervalo que o trem levava de Casimiro X Macaé X Casimiro, para atender e retornar a sua residência em  Rio Bonito.

Prova disso é que na época, especificamente em 20/12/1968, onde a assistência de saúde era vinculada a extinto INAMPS, o município de Casimiro de Abreu, através da Deliberação nº 46 firmou Convênio com o Hospital São João Batista de Macaé, pois quem não pagava o INAMPS, simplesmente tinha que pagar particular para ter atendimento médico, ou simplesmente ser atendido pelos práticos em saúde, profissionais que aprendiam no dia-a-dia a prestar atendimento de forma precária e solidária. Ouvi dizer que a irmã Augustina, por volta de 1975-177 foi a primeira professora a capacitar o pessoal de enfermagem, aplicando o curso de Atendente de Enfermagem, a pedido do Padre Paco.  

Só no início dos anos 70 que vieram as primeiras ambulâncias dirigidas pelo Sr. Raimundo e tantas outras lutas para que aos poucos, começassem funcionar o regime de plantão, internação, centro cirúrgico, lavanderia, cozinha, etc.

Segundo relatos de D. Ávila S. Gaspar, funcionária e responsável pela cozinha do Hospital de 1974 a 2006, Sr. Nilton Macabú, Cabreuense que provavelmente, por mais tempo dirigiu e se dedicou ao Hospital Nogueira de Souza, mantinha um galinheiro no pátio para abastecer a cozinha, fruto de uma época difícil, pois o convênio com o INAMPS só veio no final dos anos 70, com implantação muito lenta e o sustento do Hospital era baseado na mensalidade arrecadada pela Associação Nogueira de Souza e doação da comunidade.

Muitos Cabreuenses que não citei dedicaram décadas de vida trabalhando lá, alguns na ativa ainda, como José Maria (RX), Albino, Claudinei e Ademar (enfermagem), Beth, Aldreir, Adelma (administrativo) e Nazareno (gesso e RX). Numa breve lembrança destaco outros como D. Jorgina e D. Celi Sevilha (lavanderia), Alcione (enfermagem),  Angela Simões, técnica de enfermagem que deu o nome ao atual Hospital Municipal. Eu mesmo  trabalhei lá cerca de 8 anos (1988-1996), época muito sofrida e gratificante.

Dentre muitas situações curiosas que vale destacar, muitos dos ex-funcionários se lembram dos atrasos memoráveis de salário, certa ocasião chegou até quatro meses, mas ninguém deixava de trabalhar, tudo funcionava e todos continuavam ajudando, era por amor mesmo! Em diversas ocasiões, especificamente na década de 80 e inícios dos anos 90 o Hospital Nogueira de Souza foi manchete de jornais e televisão pelos escândalos de Gestões fraudulentas, mas sobrevivemos a isso tudo!

Lá, também, sempre foi palco de disputas políticas, tanto que do trabalho exercido na instituição, elegeram-se vereadores Dr. Luiz Carlos Bueno e Dr. Baldez, assim como quase o hospital deu ao município um prefeito, pois o Diretor administrativo “Figueiredo” candidatou-se em 1988, sendo vencido por Célio Sarzedas, atualmente vereador em nosso município. 
   
Enfim, muitas são as histórias que marcaram o Hospital Nogueira de Souza, mas a felicidade de ter aquele prédio preservando à memória da saúde de Casimiro de Abreu nos deixa muito feliz.

Eliezer Crispim – Administrador - Vereador

Colaboradores: Acir Araújo, Ercília Araújo, Ávila S. Gaspar, Israel Cidele, Brasil....

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